Marcus Steinweg

Quero defender a relevância política da arte e da filosofia em oposição às possibilidades semânticas da «arte política» e da «filosofia política». Quero demonstrar que «arte política» e «filosofia política» implicam uma autopolitização, em vez de ser político no sentido de uma política da liberdade, do impossível e do mais necessário. [...] Quero mostrar que a arte só tem sentido como arte e a filosofia como filosofia. [...] «Esta é a ilusão da esquerda nas últimas décadas», diz Heiner Müller, [...] A arte não é, de todo, controlável. Pode sempre desligar-se do controlo. É por isso que a arte é [...] quase automaticamente subversiva.»

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João Urbano

Neste texto toco em algumas questões ligadas à passagem da modernidade para uma suposta pós-modernidade, fazendo uma abordagem que cruza elementos com tonalidades sociológicas e culturais com elementos de teor mais filosófico. Detenho-me no conflito entre os pensadores que tentavam recuperar um certo programa moderno (Habermas) e aqueles que o declaravam extinto (Lyotard), embora em aspectos relevantes os pós-modernos apenas extremem o dito programa moderno. Por fim abordo as questões ligadas à pós-história e à demanda tecnocientífica, isto é, à tecnocultura actual e uma certa deriva messiânica da mesma.Este texto saiu no livro "Revisitação da Querela Modernidade/Pós-Modernidade" coordenado por José Quaresma e Fernando Rosa Dias.

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Daniel Innerarity

O futuro é algo com o qual devemos manter boas relações porque desempenha um papel muito importante nas nossas vidas, pessoais e colectivas. O mais imprescindível dos livros de auto-ajuda deveria intitular-se, precisamente, «O futuro, manual de instruções». O futuro parece a coisa mais simples do mundo: encontrar-nos-emos com ele façamos o que façamos; quem quiser conhecê-lo, apenas tem de esperar um pouco e ver... No entanto, é um espaço complexo, aberto e desconhecido, que ameaça ou promete demasiado, que inquieta e atrai, onde quem o maltrata acabará por pagar um preço elevado. Nada mais inevitável e, simultaneamente, fácil de eliminar.

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João Urbano e Jorge Leandro Rosa

Esta é uma viagem um tanto contingente, sem um itinerário preciso, pelo riso e seus afluentes: a paródia, o burlesco, o humor, o grotesco, a comédia, a ironia, etc. Pela primeira vez desde o aparecimento da Nada, construímos um número temático. É claro que ficou quase tudo de fora, dada a densidade rizomática do tema, suas múltiplas linhas, filiações, cruzamentos, derivas, mas esse imenso fora de alguma maneira ressoa nos textos e imagens presentes nesta Nada. Num movimento inverso esse fora é para onde se precipitam os que se encontram na borda do riso.

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Hermínio Martins

Neste texto foco a tecnificação de todos os momentos cruciais das nossas trajectórias de vida, seja no nosso tempo, seja num futuro próximo, começando no princípio da vida desde gestação, nascimento até seu desfecho com a morte e pós-mortem.

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Aécio Amaral

Neste texto, gostaria de propor uma especulação a respeito da relação entre experiência, técnica e memória. Tal relação deve ser pensada a partir do caráter constitutivo da técnica em relação ao humano, embora o faça buscando apontar incoerências presentes tanto no humanismo antropocêntrico quanto no discurso ideológico pós-humanista que busca suplantá-lo. Sugiro que a noção de experiência, aliada à lógica derridiana da suplementaridade técnica, pode nos auxiliar na empreitada.

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Pedro P Ferreira

Vivemos, há algum tempo, como que semi-adormecidos, quando não em estado de sonambulismo profundo. Algo nos embaça a visão e nos impede de ver que estamos, provavelmente desde os primeiros momentos de vida, crescentemente aprisionados nas engrenagens e repetições de nossas próprias máquinas, sujeitados a seus ritmos não-humanos, imersos em suas vibrações e hipnotizados pela velocidade crescente dos fluxos materiais e semióticos que estranhamente nos unem a elas.

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Cecilia Diaz-Isenrath, Emerson Freire e Pedro P Ferreira

A Ciência representaria hoje, no senso comum, o caminho confiável na busca incessante pelo conhecimento último (codificável), não-hierárquico (buscando diferenças de grau de uma quantidade homogénea) e não-propagandístico («objetivo»). E a imagem do «aparato» científico ainda tem forte poder nesse sentido. Para Laramée, porém, nem Arte nem Ciência devem servir como tiranos de alguma verdade. Em realidade, ela quer mostrar a característica de infinita recombinação contida nas experimentações e nos processos, comuns à Arte e à Ciência.

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Jorge Leandro Rosa

«O niilismo que nos afecta confunde-se com o ser e com a sua forma redonda desprovida de arestas. A sua metáfora mais poderosa é o "mundo". Provém daí o paradoxo do niilismo ctónico: constituindo a aparente superação da visão platónico-niilista do mundo, ele manifesta, na realidade, a superação da necessidade metafísica de dar uma "verosimilhança" ao ser, ou seja, do seu devir-mundo.»

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Luís Quintais

O trabalho de Marta de Menezes faz proliferar os seus significados neste contínuo que desdobra o modernismo estético e social de Mondrian, a desconstrução, enquanto processo de redução e reinscrição, e as biotecnologias que fazem ecoar inquietantemente o trabalho de redução e reinscrição do "livro" da natureza, essa figuração do irredutível e do inscrevível por excelência.

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Jens Hauser

Expor hoje arte tendo por meio de expressão diversas abordagens biotecnológicas é ainda tudo excepto uma evidência. As razões são múltiplas: dúvidas sobre a identidade e o estatuto destes artistas biotec, assim comos obre o valor plástico das "obras vivas", suspeição em relação aos seus discursos, dificuldade em recriar em instituições culturais as condições e as competências técnicas requeridas, tentativas, da parte dos historiadores de arte estabelecidos, de integrar um pouco apressadamente esta corrente na longa tradição de uma fascinação prometeica ou na dos autómatos.

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